Artigo IBREI: Como se proteger das variações cambiais através de contratos de hedge?

Contribuindo com as empresas neste momento de turbulência vivido com a crise relacionada ao coronavírus, vamos tratar de como se proteger das variações cambiais nos contratos de importação e exportação através de contratos de hedge.

Os chamados contratos de derivativos cambiais são muito importantes neste momento pela grande variação do câmbio que temos sofrido nos momentos atuais.

Realmente, até março, o real foi a quarta moeda do mundo que mais se desvalorizou. Teve uma diretiva do governo de diminuir o valor da moeda, o episódio da Rússia com a OPEP sobre a disponibilidade de petróleo no mercado e mais toda a crise relacionada ao coronavírus.

A operação de hedge tem como objetivo neutralizar o risco cambial que uma empresa tem em uma operação realizada no mercado de aquisição de produtos ou aquisição de serviços em moeda estrangeira.

Então, esses contratos simulam no mundo virtual uma operação de compra e venda de moeda. As partes desse contrato, na verdade, não recebem esse valor em cédulas estrangeiras e sim uma quantidade equivalente em moeda nacional, correspondente ao valor em moeda estrangeira conforme a diferença de cotação entre a data de celebração do contrato e a data de pagamento.

Se você é o comprador no contrato de derivativo, terá um ganho financeiro se a moeda nacional se desvalorizar no momento do pagamento.

Se você é o vendedor, terá vantagem financeira se ocorrer o contrário, se na data da quitação a moeda nacional valorizar.

Então, por exemplo, um importador de produtos e serviços tem interesse que o valor da moeda estrangeira ou fique estável ou se desvalorize em relação à moeda nacional. Portanto, ele quer se precaver de uma desvalorização da moeda nacional (e, consequentemente, do risco de pagar para o fornecedor estrangeiro mais do que previu no momento da contratação).

Nesses casos, no mercado de derivativos, ele pode fazer uma operação que neutralize esse risco. Ele tem que fazer uma operação que dará vantagem se a moeda nacional se desvalorizar. Ele faz uma operação de hedge (via futuro, opções ou swap) de compra de moeda, pois, se houver uma valorização cambial, a perda financeira será compensada com um ganho financeiro que ela terá no mercado de derivativos.

Numa operação de exportação já é o contrário. O interesse do exportador é o de que a moeda nacional valorize. Então, a operação que se faz no mercado de derivativos é uma operação de venda de moeda estrangeira. Se houver desvalorização da moeda nacional, o ganho que essa empresa vai ter na operação de derivativos vai compensar a perda que a empresa vai ter na compra e venda de produtos ou serviços.

Então, de forma bem simples, essa é a forma como funciona essa estratégia de proteção do mercado de derivativos contra os riscos da variação cambial.

Luis Felipe Dalmedico Silveira – Membro da Comissão de Direito Empresarial do IBREI, Sócio do Escritório Finocchio e Ustra Advogados

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