Crise do coronavírus também é desafio para as marcas

A pandemia de coronavírus deve deixar reflexos na economia mundial e afetar diversos setores. Na publicidade, não é diferente: já tem alterado o comportamento dos consumidores e feito as marcas adotarem ações para se posicionar e até contribuir para a conscientização contra a doença.

Segundo a professora do curso de Publicidade e Propaganda da FECAP Iná Futino Barreto, ainda é cedo para avaliar em quê, como e por quanto tempo as mudanças trazidas pelo coronavírus impactarão em nossa forma de consumir. E, apesar do momento desafiador, há como enxergar oportunidades na crise.

Ela cita, por exemplo, empresas de tecnologia ou que ofereçam produtos on-line, pela própria necessidade de isolamento social. “Há muitas mudanças no mercado. Estamos vivendo uma transformação absurda e muito pouco se sabe como reagir. Estamos nos readequando a uma realidade completamente nova em que não temos serviços estruturados para atender a essa demanda. A gente passa a ter novas formas de trabalhar e consumir. Se essas formas ainda não existem, quem enxergar um modelo de negócios para atender novas demandas e oferecer serviço de qualidade vai aproveitar uma gigantesca oportunidade”, opina.

Outra mudança positiva é o engajamento de grandes empresas no combate à pandemia. As ações vão desde formas de conscientização (o Mercado Livre alterou o aperto de mão de seu logo para uma imagem de dois cotovelos se tocando, em alusão à proibição de contato físico para evitar a transmissão do vírus; já o McDonald’s fez alusão parecida, separando as ‘duas pernas’ do seu ‘M’) até doações de álcool em gel e respiradores para hospitais (exemplos da Ambev e Magazine Luíza) e sabonetes e produtos de higiene (como fizeram Avon e O Boticário).

Segundo ela, as ações práticas são mais bem-vistas pelo consumidor e têm maior impacto no posicionamento de imagem. “Qualquer tipo de ação e ajuda que traga luz sobre o coronavírus é bem-vinda. Mas sempre que uma marca consegue trabalhar uma bandeira de forma concreta, com doações, por exemplo, isso traz resultado mais sólido do que apenas levantar a bandeira. E isso vale não só com a Covid-19, mas com outros temas também, como o movimento LGBT. Ter ações que contribuam com uma comunidade impacta mais, mas também não quer dizer que apenas levantar as bandeiras não tenha seu valor e impacto”, opina.

A professora ainda alerta para a importância de manter a marca ativa. “Uma vez que não estou capaz de oferecer o serviço como estava acostumado a fazer, é importante manter contato com consumidor e público-alvo da forma como for possível”.

Uma opção para se manter próximo do consumidor é usar a internet. Exemplos disso são figuras públicas, celebridades e artistas. Muitos cantores, com as agendas totalmente travadas por conta das restrições de público em eventos com grande concentração de pessoas, têm feito lives nas redes sociais para manter a interação com os fãs. “Usar as lives é uma boa estratégia para se manter lembrado e aumentar a taxa de retenção e lembrança das marcas na cabeça do consumidor neste momento de incerteza”, finaliza.

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