Impactos do novo coronavírus na economia brasileira e mundial

Em reunião por videoconferência realizada na última quinta-feira, dia 26, os líderes do G-20 discutiram ações para minimizar os impactos sociais e econômicos da pandemia de covid-19. Após entendimentos, os países decidiram injetar mais de US$ 5 trilhões na economia global, em políticas fiscais direcionadas, medidas econômicas e esquemas de garantia.

Em sua última atualização, no dia 19 de março, a Fitch Solutions, especializada em análise de mercados, projetou uma recessão técnica global para o segundo e terceiro trimestres de 2020, com a retomada da economia ocorrendo apenas a partir de outubro. Para 2020, a empresa antecipou um crescimento de 1,3%, redução de 1 ponto percentual em relação à estimativa anterior.

O caos decorrente da pandemia provocada pelo novo coronavírus abalou todas as bolsas do planeta, projetando um clima de recessão em vários países, com o fechamento de milhares de empresas em todo o mundo e aumentando o cenário de incertezas na economia. Veja os impactos nas principais nações, resultado da análise da Fitch Solutions.

Brasil

Segundo o Banco Central (BC), as incertezas relacionadas aos impactos econômicos da COVID-19, ao enfraquecimento do comércio internacional e ao choque de preços do petróleo reduziram as perspectivas de entradas líquidas de Investimentos Diretos no País (IDP). O órgão revisou a estimativa de entrada desses recursos para U$ 60 bilhões em 2020, sendo que a previsão anterior era de U$ 80 bilhões.

O BC também revisou a previsão do saldo da balança comercial que contabilizava saldo comercial positivo de US$ 41 bilhões em 2020. Em documento divulgado no dia 26 de março, o valor estimado para o superávit da balança comercial recuou para US$ 33,5 bilhões neste ano (US$ 191 bilhões em exportações e US$ 157,5 bilhões em compras do exterior).

Para a instituição, os principais fatores que influenciaram as revisões repercutem os efeitos econômicos da pandemia, que deverão afetar significativamente o crescimento global, bem como a redução na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2020 e as recentes mudanças no mercado internacional de petróleo.

Na China, o investimento em manufaturas caiu 31,5% no primeiro bimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas da China. As exportações chinesas também caíram 17,2% durante o período janeiro-fevereiro/2020, a maior contração bimestral desde 2016, e a propagação da COVID-19 para as demais regiões do globo deve diminuir ainda mais a demanda por bens chineses.

As importações chinesas caíram apenas 4% no primeiro bimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2019. Por isso, o FMI reduziu a projeção de crescimento chinês de 6% para 5,6%. Já para a Fitch Solutions, o crescimento cairá de 5,2% para 3,7%, enquanto que a Economist Intelligence Unit projeta queda de 5,4% para 4,5% e a OCDE de 5,7% para 4,9%.

Nos Estados Unidos, a Fitch revisou a previsão de crescimento de 1,6% para apenas 0,9%. O Federal Reserve (FED) reduziu os juros para dentro de uma banda entre 0% e 0,25%, com juros reais negativos, e também anunciou a recompra de US$ 700 bilhões em títulos do Tesouro e lastreados em hipotecas, injetando dessa forma mais liquidez no mercado financeiro.

O presidente Donald Trump defende que o Congresso aprove um pacote de US$ 850 bilhões que consiste, basicamente, em medidas de alívio às pequenas empresas e companhias aéreas, além de ajudas diretas aos cidadãos.

No Reino Unido, a OCDE prevê um crescimento do PIB de apenas 0,6%, a menor taxa anual de crescimento para o país desde 1992, excetuando-se o biênio 2008-09, no auge da crise financeira. A libra esterlina também alcançou o seu menor valor desde 1985, cotada a US$ 1,175.

O Banco da Inglaterra reduziu as taxas de juros para um recorde histórico: 0,1%. Recentemente, o País divulgou um plano de empréstimos equivalente a US$ 424 bilhões, como forma de garantir a liquidez no sistema bancário.

Na Zona do Euro a previsão também é de recessão, com queda de PIB de 0,2%. Para tentar conter a progressão da COVID-19, a União Europeia fechou suas fronteiras externas, sendo que 19 países aumentaram o controle de suas fronteiras, com alguns, como a Polônia, optando por fechar suas fronteiras para não cidadãos, permitindo apenas a entrada de mercadorias.

Em resposta ao coronavírus, a Comissão Europeia lançou uma iniciativa de investimento no valor de US$ 41 bilhões, que permitirá aos seus membros elevar os gastos com saúde pública.

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