Artigo IBREI: Efeito colateral na economia global

Voltemos a data de 6 de julho de 2018, começo de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. De um lado os Estados Unidos e do outro a China, que trouxeram mais malefícios do que propriamente benefícios para si e seus parceiros comerciais, e que dois anos mais tarde, no início de 2020, assinaram para que fosse determinado o fim desta disputa.

Cabe a reflexão sobre o momento acima apresentado. A normalidade parecia estar próxima do mercado internacional e, de repente, começamos a conhecer um novo e ainda mais delicado momento nos últimos séculos, que passa como um maremoto de incertezas em todo mundo. Adicionalmente, seu resultado para ser reparado parece-nos ser incalculável. Por mais obscuros que os cenários midiáticos possam parecer, temos a possibilidade de melhor nos prepararmos para as oportunidades que serão apresentadas no momento pós pandemia. Neste momento, vemos a economia global desgastada, em especial, suas maiores potências que foram atingidas de frente.

Recentemente, os Estados Unidos passam pela fase de ser o novo epicentro da epidemia mundial, enquanto a China, após ter anunciado a volta gradual de sua economia para suprir a demanda do mercado interno, além do crescimento da demanda internacional para equipamentos hospitalares, ou seja, fortalecimento da sua economia, sofre com a possibilidade de passar por uma segunda onda de disseminação do COVID-19, após novos casos serem revelados em Hubei.

Não podemos nos esquecer que a economia global respira por aparelhos e assim seguirá, infelizmente, por um grande período. O que podemos tirar de lição, pelo menos no que se refere ao setor econômico, é que muitos jamais imaginariam a grande deficiência em suprir necessidades internas de seus países. Muitos produtos deixaram, ao longo dos anos, de serem produzidos, principalmente, por países desenvolvidos. Tal fato levou ao colapso no mercado interno como no caso da Itália, Espanha e do próprio EUA, obrigando-os a socorrer-se no mercado chinês para regularizar ou atenuar a ausência de produtos.

Nessa linha, não nos parece estranho o fato de que algumas empresas queiram obter vantagens econômicas para fortalecer determinados segmentos da economia, justamente por meio da aquisição de empresas estrangeiras. Situação como esta já foi noticiada junto ao governo americano, onde o presidente Trump se posicionou pela repressão de vendas, por exemplo, de peças para a indústria aeronáutica chinesa e que a liberação dependeria se as remessas impulsionariam ou não a ascensão de um concorrente sério à norte-americana Boeing ou aumentaria as capacidades militares da China.

Diante desse cenário e caso fosse no mercado brasileiro, faríamos a seguinte pergunta: Qual o limite de ingerência assumida pelo Estado para intervir em possível negociação de compra e venda de empresas brasileiras por estrangeiros, considerando a atual pandemia?

Bem, a resposta certamente não é simples e dependeria de muitas circunstâncias e variantes para que se tenha uma resposta condizente com o tamanho do tema.

O que se pode dizer, objetivamente, é que a autonomia privada existe e deve ser respeitada. Em havendo a intervenção do Estado, recomenda-se que se prevaleça a ordem pública, por meio de normas que representem o bem comum.

No melhor sentido, o Estado tem por obrigação preservar o desenvolvimento e o crescimento econômico do país, protegendo economicamente o mais fraco, além de modernizar todas as estruturas do governo. É o que se espera!

Arthur Martinho, vice-presidente Internacional do IBREI e Rafael Bernardi, diretor de Relações Governamentais do IBREI

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